06 março 2007

Como prometi continuar este texto, aqui fica mais uma analise sobre o estudo da história.
Quanto ao Estudo histórico, pouco se poderá dizer neste caso. A documentação daquela é já bastante conclusiva quanto à veracidade de certos factos, os mais importantes. As divergências científicas continuam a situar-se em pormenores, muitas vezes com afectações meramente ideologias. Perante esta situação, o grande poder de um historiador está na transmissão de conhecimentos. Podíamos versar-nos sobre aquilo que é ensinado numa universidade ou na elaboração dos programas pedagógicos, mas a actualidade exige uma análise àquilo que é televisionado.

Como sempre fui interessado em história, lembro-me que no final dos anos 90 sucederam-se séries de análise histórica sobre o século XX. Lembro-me de ver uma série que dava na RTP, dirigida por Fernando Rosas, em que por exemplo, a guerra colonial era vista como uma tentativa de conter a revolta geral dos autóctones, e passados 2 anos, noutra série ter aprendido que tinham existido actos terroristas (sim, mais mortíferos que o próprio 11 de Setembro) que tinham legitimado o envio de tropas para África e que a GC não passou de uma mera guerrilha, que aliás, estava controlada em Angola e Moçambique, por volta de 74. Mais tarde vim a saber que a as outras democracias europeias também tiveram os seus conflitos de descolonização, muito antes de Portugal, o que em última analise, coloca os Portugueses como bons colonizadores, ao contrário dos democratas Ingleses que até inventaram na África do Sul os campos de concentração (para os Boers) e que foram precursores do Apartheid. Isto foi um aparte. Toda esta discrepância na transmissão de factos alertou-me para as consequências de um estudo histórico sem critério na selecção das fontes e dos transmissores.

Quem faz do estudo histórico a sua profissão sabe perfeitamente as diferenças de resultados derivadas de um estudo tendencioso dos factos. Puxar a brasa à nossa sardinha, como diz o povo, é muito fácil num estudo histórico. Pode-se sempre omitir factos, alterar termos e os meus factos podem ser interpretados de muitas maneiras diferentes. Como disse, todos os profissionais sabem isto, quem não sabe são as outras pessoas, que comem o que lhe derem. Não quero chamar burros às pessoas minimamente interessadas por história, mas todo o burro come palha, é preciso saber-lha dar.
(continua)

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