15 junho 2007

globalização e globalizadores

Na segunda-feira li Sarsfield Cabral no Público. Não posso esconder que ele é, para mim, um jornalista (ou lá o que ele é faz) de referência, até porque cresci a ouvir a RR.
Mas o que interessa para esta discussão é a analise que ele faz das manifestações do último fim-de-semana na Alemanha. Na verdade, deverá ser uma preocupação de todos, e não só dessa escumalha, o facto do poder económico se sobrepor ao poder politico, retirando ao poder efectivo a pouca legitimidade democrática que ainda podia ter. É um bocado paradoxal eu estar preocupado com este facto, até porque não me tenho por nada democrático, mas se democracias há só uma, ditaduras há muitas. E como eu acho que não existe nenhuma democracia real no mundo, tenho para mim que a minha ditadura é melhor do que aquelas que vigoram hoje em dia no mundo ocidental. Já Churchill afirmava que a democracia é o menos mau dos regimes políticos, mas visto que esta é difícil de implementar, estava ele, certamente, a falar da ditadura dos democratas.
A ditadura do capital é hoje uma realidade em todos os países ocidentais. Os “frutos da globalização”, de que Cabral falou, reduziram bastante a pobreza na Ásia, à custa de uma substituição do poder. Assim o capital daqueles países foi substituído pelo capital estrangeiro, no exercício do poder político. Também a comparação do atraso que ainda subsiste em África com o aparente crescimento asiático é referida. Na verdade, ninguém se esqueceu deles, todos nós queremos o seu crescimento económico, para que possam consumir cada vez mais os nossos produtos. Mas ninguém implanta fábricas em países que não tenham os seus trabalhadores formados. África parece ser o parente pobre da globalização. Os países desistiram da formação profissional das suas população, porque que adquire um mínimo de formação, ou vem para a Europa estudar ou passa a vida a tentar fugir daqueles países.
Mas o mais importante que retive daquele discurso foi o apelo que ele faz aos manifestantes para deixarem de se manifestar contra a globalização, porque é um processo irreversível. Ora bem, podemos analisar estas posições de diversos ângulos. Manifestar-se contra a globalização é, no mínimo, ser-se conservador. São sempre os conservadores que se opõem à mudança, e neste ponto, ao contrário daqueles tontinho, tenho alguma consideração por ser conservador. Tendo em conta que já deve ter havido gente daquela que tenha pensado nisto, a única solução seria apontar um caminho alternativo. Que caminho será esse então? Francisco Louça dá o mote: Foi há oito anos atrás que, entre muitos símbolos válidos, escolhemos o nosso – a estrela. A estrela que aponta em todas as direcções, por todos os povos, todas as culturas. A estrela que, segundo os nossos ideais Europeístas e Internacionalistas, acabará com todas as barreiras e todas as fronteiras. Ser mais global que isto é quase impossível. Não sabendo, estes tontinhos são os maiores apoiantes do processo globalizacional do grande capital. Com o fim das fronteiras, dos povos, das culturas, tudo se resumirá a um único povo, a uma única cultura, a um único capital que controlará verdadeiramente o mundo. Não nos esqueçamos que uma única cultura, um único pensamento conduzirão a um consumo uniforme, pelas modas, direccionada aos promotores da globalização.

Pode ser um processo irreversível, mas quando todos estiverem arrependidos das suas acções e se verificar o estado em que está o mundo, gostava que ninguém me apontasse o dedo, dizendo que nada fiz para alterar a situação, quando na verdade, apenas o nacionalismo combate este processo!

Campanhas...


11 junho 2007

Um argumento esquerdista... ou será que não?

Punir o incitamento ao ódio racial é como assumir que o povo é estúpido o suficiente para acreditar e por em prática tal mensagem... ou será que não?

Ps: tenho andado em exames, bastante ocupado... Até amanhã!

02 junho 2007

Mais Ota...

São «22 factos indesmentíveis sobre o Novo Aeroporto de Lisboa». Depois do livro «O erro da Ota», e usando-o como ferramenta de trabalho, o responsável editorial do trabalho, Mendo Castro Henriques, juntamente com alguns co-autores do livro, elaborou um documento com um conjunto de factos «indesmentíveis». O relatório já foi entregue aos deputados da Assembleia da República para servir de base para o debate com o ministro das Obras Públicas, Mário Lino, que irá ao Parlamento falar sobre a Ota no próximo dia 6 de Junho.
1 - Não existe nenhum estudo que indique a Ota como o melhor local para o novo aeroporto.
2 - Em todos os estudos onde a opção Ota foi analisada, foi sempre considerada a mais cara.
3 - A decisão pela localização Ota foi tomada, em 1999, com base num Estudo Preliminar de Impacto Ambiental (EPIA) incompleto e insuficiente.
4 e 5 - Entre os vários descritores usados no EPIA, a Comissão de Acompanhamento do Novo Aeroporto considerou «deficiente» a abordagem feita aos «Recursos Hídricos» e aos «Risco de Colisão de Aeronaves com Aves». Dois pontos usados para eliminar Rio Frio.
6 - O site da NAER não disponibilizou a totalidade dos estudos em Novembro de 2005. Foram omitidos estudos importantes, como o realizado pela ANA em 1994 e que escolhia o Montijo, e cortaram-se partes de outros documentos.
7 - O estudo de 1999, que apenas compara Ota e Rio Frio, não justifica a exclusão da localização Montijo, que até então tinha «ganho» em todos os relatórios.
8 - Os capítulos das conclusões do EPIA da Ota e do Rio Frio são cópias um do outro.
9 - Alguns factos foram deturpados de modo a legitimar a escolha da Ota.
10 - A decisão foi tomada sem que tenham sido avaliadas todas as determinantes: não foi instalado um posto meteorológico na Ota; não foi estudada a implicação da gestão do espaço aéreo; não foram estudados os acessos nem as características dos solos.
11 - A solução «Portela + 1» foi abandonada por causa da escolha da Ota. Todas as restantes localizações são compatíveis com a utilização simultânea da Portela.
12 - A Ota terá uma vida útil muito inferior ao Aeroporto da Portela, que já passou os 60 anos de vida. A Ota pode «viver» 30/40 anos.
13 - O novo aeroporto será pago pelo Estado e pelos contribuintes.
14 - Lisboa ficará menos competitiva. Por exemplo, as taxas de aeroporto serão mais elevadas na Ota.
15 - A TAP será menos competitiva. O processo do aeroporto de Atenas, inaugurado em 2001, é semelhante ao da Ota. A companhia aérea grega declarou falência em 2003.
16 - A privatização da ANA como parte do negócio da Ota, significa dar a uma entidade privada a gestão de quase todos os aeroportos portugueses.
17 - Há factos que obrigam a reequacionar a opção Ota. Cresceram as Low cost. O traçado do TGV foi alterado e passar na Ota obriga a «ginástica».
18 - Não foram criados mecanismos para tributar mais valias nos terrenos da Ota.
19 - O turismo perde. Estudos efectuados mostram uma quebra de 15,6 por cento no turismo de Lisboa.
20 - Por causa da Ota a linha do TGV Lisboa/Porto será apenas para passageiros e não para mercadoria.
21 - O TGV tira passageiros aos aviões.
22 - A área de influência de dois aeroporto - Norte e Sul - é superior à influência de um aeroporto central.