03 setembro 2007

Anteontem fui à capital... (a segunda parte)

...e fui almoçar num jardim junto ao Mosteiro dos Jerónimos, a organização levou uns pães e uns leitões e lá nos safámos. Depois do almoço ainda fomos tomar um café e comer uns pastéis à famosa casa dos "Pastéis de Belém". Por volta das 4 voltamos todos para o autocarro e partimos em direcção ao Rossio. Paramos numa praça com a estátua de D. Pedro IV, em frente ao teatro nacional D. Maria II, pelo menos foi o que me disseram.
Começamos a andar por uma rua fechada ao trânsito e, por isso, cheia de pedintes. Não sei se me acham ricos, mas enquanto ninguém foi importunado, eu mal entrei na rua levei com um gajo a tentar vender-me marijuana e coca, até me mostrou os sacos com o produto, e quando o mandei dar uma volta, ele perguntou-me se queria comprar-lhe uns óculos, que por sinal ele tinha roubado numa loja mesmo em frente de onde nós estávamos. Mesmo quando saí do Teatro Politeama, eram só pedintes a dirigirem-se a mim, enquanto as celebridades passavam e ninguém as abordava. Não sei o que viram em mim, mas sei que vi o impensável: um tipo a "fazer uns sons com uma flauta" apenas com uma mão enquanto a outra segurava um chapéu. Eu como não me sinto culpado pela situação dessas pessoas, normalmente nunca contribuo para elas, e foi o que aconteceu. Há muito trabalho por aí para ser feito, não se pode contribuir para que estas pessoas continuem a vida de pedinchas. Nestes caso lembro-me de um senhor que conheci em Braga, à porta de uma discoteca a vender cachorros, porque tinha dois filhos e a mulher desempregada. O sacrifício que o homem fazia, depois de passar uma semana a obedecer às ordens de um gajo qualquer, perdia as noites de Sexta-feira e de Sábado para poder sustentar a sua família.
No caminho para o teatro ainda encontrei um alfarrabista, com bastantes livros a 1€. Prendi-me lá por mais de 20 minutos, porque me apeteceu comprar uns livros e também para fugir à pressão dos pedintes na rua. Comprei uns livros de poesia e um romance, editado nos anos 40 do século passado. Estou agora a lê-lo. Para já estou a gostar.
Fui então para o teatro, e tive que ficar à espera porque a minha mãe tinha os bilhetes e decidiu ir para o bar do Coliseu dos Recreios, mesmo em frente ao Politeama. Já lá dentro, a primeira coisa que me lembro é de ver a minha irmã a comprar o programa e a fazer fila para levar um autógrafo do Lá Féria. Eu não liguei muito e fui rapidamente para a sala. Ao entrar olhei para as paredes, tão bem ornamentadas, a decoração ao estilo de à 100 anos atrás, que também contava a história de milhares de punhetas que se tinham lá batido, antes do Sr. Filipe comprar aquele espaço.
Quanto à peça, propriamente dita, considero uma exaltação ao nacionalismo austríaco, em detrimento do nacional-socialismo alemão. Mas essas são considerações para outros debates. A "música no coração" é um filme sobejamente conhecido e uma história que dispensa apresentações. Mas a peça que foi montada ultrapassa de longe o dramatismo do filme. O teatro tem destas coisas: Consegue envolver-se bastante com o público, e as vozes ao vivo, mesmo com o auxílio de microfones, aumentam muito mais a tenção. Nunca vi uma audiência a chorar tanto. O problema é mesmo o preço. Enquanto no cinema o preço ronda os 5 €, o bilhete que recebi tinha o preço de 27€, embora não tenha pago tanto. Digamos que a excursão foi organizada para que a malta pudesse pagar pouco para ir à capital ver o Lá Féria.

1 comentário:

Anónimo disse...

Assim vai Portugal.É a realidade pura e dura.Publicita uma mensagem que pode aplicar-se ao Homem - relação e realização mundanas. O mundo é um fenómeno pª o Homem. Abre acesso à sua essência, ao s/ comportamento e a outras coisas. Daí que nem tudo o que parece é. O Homem é um mistério: vive no mundo e questiona a s/existência; é inimigo de si próprio.